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Vale tudo made in Brazil

Ontem escutei o relato de uma menina, de que em uma postagem sua nas redes socais, onde lamentava a morte da própria mãe, vítima da pandemia, um admirador do presidente Jair Messias Bolsonaro, tomado de completa fúria, a acusou de estar difamando o mandatário e disse que a morte de sua mãe era algo merecido. Ela dizia não saber o que faz uma pessoa nutrir tanto ódio.

Eu também não saberia, mas apostaria em impunidade. A crueldade da Extrema Direita brasileira tem apavorado o mundo. Um amigo meu, morador na Europa, afirmou que a impressão que os europeus têm do Brasil é de que estamos em transe, completamente incapazes de perceber a gravidade do momento.

Segundo o meu amigo, enquanto os europeus se escandalizam com as falas do presidente e principalmente com os discursos de seus apoiadores, eles se questionam da passividade nacional diante do horror quotidiano.

A impunidade que os cerca, entretanto, seria uma explicação viável para a crescente agressividade dos seus discursos. Ser licencioso diante de discursos de ódio, é adubar ainda mais a sensação de que não há limites para o que se prega.

Os extremistas brasileiros nunca se sentiram constrangidos em festejar publicamente quando Lula, preso, quase teve seu direito inalienável de despedir-se do neto falecido, negado.

Houve comemoração durante o enterro de Arthur Araújo, de apenas 7 anos, vítima de meningite meningocócica. No inicio o discurso era camuflado de exigência parda de justiça. Entretanto, dias depois, em março de 2019, uma carreata festejou a morte da criança e a nação assistiu impassível.

Dois anos antes, em março de 2017, o doutor Richam Faissal, neuro cirurgião do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, foi ainda mais festejado publicamente quando sugestionou sabotar o socorro à ex-primeira dama Marisa Letícia, e mata-la na mesa de cirurgia.

Vítima de AVC hemorrágico, Marisa acabou falecendo de consequências do próprio derrame, e uma comitiva de pervertidos foi ao hospital soltar foguetes assim que seu falecimento foi confirmado. Aproveitaram-se entretanto, para fazer uma inacreditável homenagem ao médico.

Faissal recebeu até um cartaz comemorativo. O Brasil, entretanto, emudeceu.Em 2016, durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef, a nação também observou silenciosa às cenas de um morador de Copacabana, participante de uma “marcha contra o comunismo e pela liberdade”, esbofeteando um menino negro de apenas 11 anos, acusado de furto.

Uma moça, também assustada com a “ameaça comunista”, branca e bem vestida, propôs ali a justiça da Classe média branca em defesa da sua liberdade: linchamento. “Tem de matar” gritava ela repetidamente.

Em 2014, um outro show de atrocidade made in Brazil: o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra foi festejado nas ruas quando, em uma audiência da Comissão Estadual da Verdade em São Paulo, tal qual um oficial nazista, mostrou-se rígido e não arrependido de ter torturado e matado dezenas de pessoas.

Ustra foi inclusive homenageado como um “visionário” por ter torturado incessantemente uma grávida de 7 meses. Igualava-se ao “Açougueiro de Lion”, Klaus Barbie, que em seu julgamento não mostrou nenhum arrependimento por matar crianças francesas à pauladas.

A diferença fundamental é que Barbie, apesar de ser um grande queridinho da CIA, nunca passou a ser uma estampa de camisetas tal qual um souvenir de Art Pop. Pelo contrário, tanto nos Estados Unidos, quanto na Alemanha e França, o oficial da SS sempre provocou asco.

Já o rosto de Brilhante Ustra, por exemplo, está nas camisetas usadas pelos deputados federais Carlos Jordy e Eduardo Bolsonaro, ambos do PSL. Os dois as ostentam dia e noite e não mostram constrangimento. No Brasil, afinal, não há um limite.

O país se acostumou a horrores. De maneira forçada, é verdade: a cabresto, à pauladas, à tortura, mas enfim se acostumou. Se acostumou à base de telenovelas medíocres, filmes americanos pró-Washington, músicas populares sem conteúdo, reality shows imbecilizados, mas enfim, se acostumou.

Passou o tempo em que havia das pessoas, ou das Massas, uma resposta natural a este tipo de abuso cognitivo do horror. O sentimento de injustiça, por exemplo, levou milhões de pessoas às ruas quando do suicídio de Getúlio Vargas. Claro que este sentimento poderia ter vindo antes, durante a crise perpetuada por Carlos Lacerda, mas bem ou mal, a verdade é que a avalanche popular nas ruas estancou o Golpe militar que eclodia na manhã de 24 de agosto de 1954 e o protelaria por uma década.

Os pobres do país, abraçados por Vargas e por sua política econômica intransigente na defesa do patrimônio nacional, se sentiram feridos quando da sua morte e impuseram limites aos golpistas que há semanas desestabilizavam o governo e provocavam alta nos preços e nos alugueis.

Os militares, parte da conspiração que o derrubaria, viram a impossibilidade do Golpe nas ruas. Os tanques recuaram diante dos pedestres e seus estilingues rapidamente, e por um momento, golpistas como Castelo Branco, Mascarenhas de Morais e Roberto Marinho foram objeto de ódio nas ruas.

Carlos Lacerda, por exemplo, famoso por ser o propagador de boatos e notícias falsas, teve de esconder-se por duas semanas. Digamos que naquele momento, um completo sentimento de aversão tomou conta do país.

No entanto, no Brasil atual, foi determinante para a sensação de impunidade, o discurso golpista desencadeado por Aécio Neves, na eleição presidencial de 2014. Aécio institucionalizou tudo aquilo que havia emergido no fim de junho de 2013.

É bom que a História não esqueça: se há alguém que é diretamente responsável pela desgraça que vivemos, é o deputado federal, infinitamente acusado corrupção, Aécio Neves. Durante sua campanha presidencial, foi ele o maior gerador de conteúdos de ódio, ameaças de Golpe, alarmes de fraude e todo o tipo de elemento para a instabilidade política e econômica.

No entanto, mesmo derrotado nas urnas, ele tornou-se o herói momentâneo de movimentos de Extrema Direita como o MBL, que hoje, apoia João Dória. Aécio, se utilizando da tribuna no senado, continuaria aumentando o tom até abril de 2016, quando Dilma sofreu impeachment, naquilo que um dia os livros mostrarão ser uma das maiores conspirações da História nacional.

Nunca houve um repúdio nacional contra os conteúdos falsos publicados pelos apoiadores de Aécio Neves, é bem verdade. A vitória de Dilma nas urnas, seguida de sua derrota no âmbito social, dialogaram com um ato declarado do que viria: na noite da apuração dos votos, que garantiria a vitória de Dilma Roussef, em Belo Horizonte uma carreata de caminhonetes e carros de luxo pedia a recontagem dos votos.

Centenas de automóveis buzinavam e seus tripulantes chamavam a candidata do PT de “comunista”, “vagabunda” e “assassina”. Acuada, Dilma prometeu governar para os que não votaram nela. Foi a senha para liberar o vírus no hardware das instituições democráticas: tal qual a Lei da Anistia de 1978, que simplesmente salvou os torturadores do Regime Militar, Dilma dava um sinal de paz para a escória golpista.

A mesma Classe média branca e revoltada de 2013, anti-PT, tinha agora um presente quase passado, Aécio Neves, e também um futuro: Jair Messias Bolsonaro. Netos espirituais dos torturadores anistiados em 1978, os golpistas de 2013 assumiram para si um movimento que começou nas ruas por justiça no transporte coletivo, e terminou tentando derrubar Dilma Roussef.

Entre maio de e junho de 2013, houve uma completa metamorfose nos movimentos de rua, e que se pode explicar pela incapacidade da Esquerda burocratizada de analisar a revolta das ruas. O problema é que a Classe média branca que comandaria o movimento em seguida, é politicamente ignorante e não conseguiria conceber que o ódio gerado não se esgotaria.

Ele cresce sendo adubado justamente pelo que mais gera: ódio. Daí, entenda-se, a ascensão de Bolsonaro e de seu exército de aberrações que viria a seguir. Não houve desde então, uma catarse nacional sobre o que foi gerado ali. Me orgulho, entretanto, de dizer que em junho de 2013 eu antevi, com lucidez, um Golpe de Estado.

Por fim, cabe aqui, ainda, uma recordação, e que não pode passar despercebida: a velha tradição da política brasileira de evitar rupturas que coloquem em xeque o domínio da grande burguesia ou dos grandes detentores de poder econômico. Isto sempre permitiu uma ressignificação criminosa do passado, baseada na significação tradicional da narrativa.

Explico: as feridas nacionais foram todas suturadas através de pontos cirúrgicos emergenciais, que visavam salvar o organismo social sem, entretanto, mexer na própria doença. A nossa transição para um Império, por exemplo, em 1822, foi feita através de acordos econômicos com parte das antigas elites coloniais e mediada por um príncipe português.

O fim do sistema monárquico e a mudança para uma tardia república não significou, por exemplo, o fim do poder das antigas aristocracias rurais e escravagistas. Criou-se no Brasil uma prática política criminosa, onde o povo é apartado do processo e as Elites acondicionam a nova realidade à suas antigas necessidades.

Daí a previsível impunidade para seus defensores (vide o teto que publiquei aqui no dia 3 de março, onde trato da impunidade aos colaboracionistas de Bolsonaro). Portanto, para mim, fica muito claro que o discurso de ódio só se prolonga em um ambiente brutalizado, no qual aparentemente, há uma permissividade sem fim para suas ideias.

O crescimento do absurdo político no Brasil se faz por uma incapacidade completa da sociedade de reagir a ele, o que sugere libertinagem ou apoio. Antes mesmo das instituições, e que por uma demanda social, não podem estar em todos os espaços ao mesmo tempo, deve haver um repúdio da coletividade.

Não podemos tolerar que um grupo de pervertidos festeje a morte de uma criança de 7 anos vítima de meningite e nem solte foguetes, ao comemorar a sugestão de um médico de permitir a morte de uma paciente. Da mesma forma, a ojeriza geral deveria ter considerado inaceitável um candidato a presidente que na falta de propostas claras, ameaça acabar com reservas indígenas, com propriedades de comunidades quilombolas, e metralhar desafetos políticos, além é claro de ameaçar que se for derrotado nas urnas, colocará o sistema em risco com apoio de tropas militares.

Como nada disto aconteceu, e Jair Messias Bolsonaro acabou eleito, e portanto absolvido. Para o mundo ficou tácito que aqui vale tudo, e a quem se utiliza do vale tudo, ficou claro que não há limite algum para nada.

Fabiano da Costa.

Professor de História

Fonte: https://www.facebook.com/fabiano.dacosta.7

 
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Publicado por em 18/04/2021 em Reflexão

 

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A vida não para!

A vida não para enquanto choramos a partida rumo a pátria espiritual, daqueles que tanto amamos.

A vida não para quando o nosso grande amor resolve bater a asas voando em outros ares.

A vida não para no momento em que percebemos a indiferença daqueles por quem nutrimos imenso carinho.

A vida não para no instante em que nos sentimos sozinhos sem ninguém pra segurar a mão.

A vida não para e justamente porque não para é que ela é perfeita!

Pois logo ali adiante, a saudade dos que partiam primeiro deixa de ser dor, vira história pra lembrar e  certeza de que nos encontraremos novamente, é só uma questão de tempo.

Logo ali adiante encontraremos quem nos dê a mão, quem não será indiferente às nossas dores.

Logo ali, reconheceremos os nossos verdadeiros amigos, aqueles que celebrarão nossa presença e conseguirão perceber a nossa alma.

Como diz uma canção de Ângela Rô Rô, que marcou minha adolescência:

“Dói em mim saber que a solidão existe

E insiste no teu coração

Dói em mim sentir que a luz que guia

O meu dia, não te guia, não.

 

Quem dera pudesse

A dor que entristece

Fazer compreender

Os fracos de alma

Sem paz e sem calma

Ajudasse a ver

 

Que a vida é bela

Só nos resta viver

A vida é bela

Só nos resta viver!”

 
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Publicado por em 24/11/2017 em serenidade

 

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Saudade

 
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Publicado por em 28/10/2017 em serenidade

 

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Reeditando o amor

reeditando

Quando Kate e Chris ficaram muito idosos e necessitaram de cuidados especiais, foram recolhidos a um asilo onde Jane era enfermeira.

Muitas vezes, os dois eram vistos olhando os álbuns de fotografias. Kate mostrava, com orgulho, retratos antigos em que Chris aparecia alto, louro e alinhado. E ela, aparecia morena, sorridente e muito bonita.

Era lindo vê-los juntos. Dois namorados lembrando alegremente a sua história. Passeavam de mãos dadas pelos corredores do asilo e todas as enfermeiras comentavam o que seria de qualquer um deles, quando o outro se fosse.

Chris tinha especial carinho com Kate. À hora de dormir, Chris a ajudava passar da cadeira para a cama e ajeitava as cobertas ao redor do corpo frágil.

Depois, ele desligava a luz, se curvava docemente e a beijava, acariciando seu rosto.  Levantava a grade lateral da cama. Os dois sorriam.

Em seguida, ele se dirigia para sua cama, no outro extremo do quarto. Eram as regras do asilo.

Quanto apreciariam dormirem na mesma cama, juntos. Um costume que os confortara a vida toda.

Um dia, Chris não despertou. Um ataque cardíaco, em plena noite, o transferiu para a outra vida.

Toda a enfermagem redobrou cuidados com Kate. Ela parecia confusa e perdida. Ficava longo tempo com o olhar parado, a fitar o nada.

De outras, tomava os álbuns de fotografias e ficava acariciando as fotos de Chris.

A pior parte do dia era a hora de dormir. Kate pedira para dormir na cama do marido. Entretanto, tinha dificuldades para conciliar o sono.

Certa noite, Jane teve uma ideia. Depois de a ter colocado na cama, ajeitado as cobertas, levantado a grade lateral, acariciou seu rosto e debruçando-se, a beijou, dizendo: Boa noite, querida.

Foi como se uma comporta se abrisse. Lágrimas caíram pelo rosto de Kate.

Chris sempre me dava um beijo de boa noite. Sinto tanta falta dele. Tanta falta do beijo que ele me dava na hora de dormir.

E, enquanto a enfermeira lhe enxugava as lágrimas, Kate continuou:

Sem o beijo dele parece que eu não estou indo dormir. Muito obrigada por me dar um beijo.

Sabe, continuou, Chris costumava cantar para mim. Eu deito aqui à noite e penso nisso. Na canção que ele cantava aos meus ouvidos.

E como era? – Perguntou Jane.

Kate sorriu, segurou a mão da enfermeira, limpou a garganta. E, com sua voz pequena, mas ainda melodiosa, cantou: Me beije, meu amor, e então nos separaremos. E quando eu estiver muito velha para sonhar, este beijo estará bem vivo no meu coração.

*   *   *  *  *  *  *

Os anos podem vincar a face, desenhando sulcos. Os anos podem tornar os cabelos grisalhos e transformar moças ligeiras em senhoras que demoram um pouco mais para trocar o passo.

Os anos podem transformar um jovem robusto em um velho sábio. Mas o que melhor fazem os anos é tornar o amor maduro, duradouro, profundo.

Por isso, se você tiver avós por perto, seus ou de outros, não esqueça de lhes atender as necessidades primordiais do coração.

Especialmente, se estão sós, porque o companheiro ou companheira já realizou a sua maior e grande viagem para o Além.

Pense que mais do que alimento, remédio, agasalho e teto, eles precisam de amor. Um gesto de ternura que reproduza os tantos que os alimentaram um ao outro, durante o longo percurso das suas tão proveitosas vidas.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Um beijo de boa-noite,
de autoria de Phyllis Volkens, do livro
Histórias para aquecer o coração

das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read
Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante.
Em 1.12.2014.

 
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Publicado por em 04/12/2014 em Reflexão

 

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Depois de cada filme

depois do filmeUma sala de cinema, depois de cada filme, pode nos trazer reflexões interessantes.

O comportamento das pessoas apresenta algo de curioso.
 
Os créditos começam a surgir na tela e as luzes voltam a acender lentamente, avisando a todos que aquele sonho projetado no grande painel branco terminou.
 
Cada um que está ali, então, volta ao seu mundo, à sua dita realidade.
 
Saem apressados, atrasados, levados pela correnteza humana, quase que na velocidade da luz – da luz que volta a clarear a sala de projeção.
 
Porém existem alguns, apenas alguns, que permanecem um pouco mais.
 
Sentados, imóveis, de olhar distante, parecem ainda respirar naquele mundo criado à sua frente há poucos minutos.
 
Como se quisessem suavizar a transição entre uma realidade e outra.
 
Ficam ali, como se desejassem reter tudo aquilo um pouco mais… apenas um pouco mais.
 
Não querem permitir que a vida lá fora perca a lembrança do que acabaram de ver.
 
Esses podem ter suas vidas modificadas… com um simples filme. O que esta história diz à minha vida?
 
Que características neste ou naquele personagem, tem a ver comigo, com meus sonhos, com minhas dificuldades?
 
O que posso aprender com estas vidas, com este mundo, por vezes tão diferente do meu?
 
São tantos os questionamentos que eles podem estar fazendo naquele momento…
 
Indagações que aqueles que saíram desassossegados em disparada, possivelmente não terão.
 
Para esses foi apenas entretenimento. Não conseguiram penetrar na esfera da arte, da beleza.
 
Sábios. Esses que permanecem agem com sabedoria. Buscam aprender tudo que a vida tem a lhes oferecer, e ela, por ser tão maravilhosa e perfeita, oferece lições a todo instante.
 
Mas que diferença pode fazer, ficar ali um pouco mais, pensando? – Alguém poderia questionar.
 
A diferença está na importância de parar para analisar todos os eventos de nossos dias.
 
No hábito da reflexão, extraindo dos acontecimentos sempre um saber a mais.
 
Será que estamos sabendo parar um pouco para pensar em cada evento de nosso viver?
 
Será que na maioria das vezes não agimos como os espectadores apressados, que não têm tempo para refletir?
 
Será que não estamos saindo muito cedo de nossas salas de projeção diárias?
 
Imagine ficar um pouco mais na cadeira, pensando naquele entardecer passado ao lado de alguém que você ama…
 
Imagine ficar um pouco mais na cadeira, curtindo aquele nascer de sol especial de uma manhã de trabalho…
 
Imagine ficar um pouco mais, acompanhando as peripécias de seu filho, aprendendo a andar, a falar, a abraçar…
 
Imagine permanecer, por alguns segundos que seja, lembrando das palavras de afeto, das risadas, trocadas com algum amigo numa noite qualquer…
 
Imagine a vida sem a pressa que lhe atribuímos, e com a qual acabamos por nos acostumar…
 
Experimente lembrar disso tudo na próxima vez que você estiver numa sala de cinema.
 
Procure as pessoas que ficam um pouco mais, e quem sabe, com alegria verá que você é uma delas.
 
Bem, na verdade você poderá começar a pensar sobre isso agora mesmo, depois que estas palavras chegarem ao fim, e escolher o tipo de pessoa que é:
 
aquela que sairá apressada, mudará de estação, esquecerá de tudo; ou aquela que irá ficar com estes dizeres um pouco mais, pensando, refletindo.
 
 
Redação do Momento Espírita com base no capítulo Depois de cada filme, do livro  “O que as águas não refletem”, de Andrey Cechelero.
Em 2.8.2013.
 
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Publicado por em 08/08/2013 em Reflexão

 

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Será que o amor acaba?

Muito falamos de amor em todos os tempos. Em todas as épocas da história da humanidade elaboramos conceitos e definições para esse sentimento.

Nossa origem Divina nos impulsiona a buscá-lo, mesmo que tentemos por todos os meios racionalizar sua existência.

Ainda presos ao imediatismo e aos apelos da matéria procuramos incessantemente uma definição para algo que precisamos apenas sentir, deixar que integre todo o nosso ser.

Chamamos de amor o ato sexual sem afeto, a ideia de ter sempre em baixo de nossos olhos e seguindo a nossa cartilha, os familiares e amigos.  

Tomamos por amor o sentimento de posse que temos em relação aos bens materiais como dinheiro, casa, carro, fama, sucesso e tudo o mais que imaginamos ser nosso.

Tentamos de qualquer maneira defini-lo, explicá-lo entre as coisas terrenas que podemos tocar que acabamos por convencionar que tudo tem um fim, literalmente tudo, inclusive o amor.

Assim dizemos: “O amor acaba quando descobrimos que só nós amamos…” “A amizade acaba se constatarmos que somente nós somos amigos…”.

Ecoam em nossas bocas e mentes aquelas velhas e surradas receitas de como, quando e a quem amar para ser feliz… “só ame quem te ama”… “Não perca tempo com quem não gosta de você”… “Delete!”… “Vire a página”…etc.

Felizmente o amor não é uma ciência, muito menos exata. Não é uma receita gastronômica em que podemos colocar as doses certas de cada ingrediente e tudo ficar como queremos.

Não há como explicar ou definir, porque embora a universalidade seja seu objetivo sagrado, se mostra de forma única em cada ser.

O amor é um sentimento e como tal acontece… tem a ver com energias, vibrações…afinidades. E não… o amor não acaba!

Quando verdadeiro é para sempre, liberta… Dá asas para alcançarmos as estrelas e ver a vida de uma forma mais ampla… Entender que cada um tem seu tempo de despertar… e vamos todos acordar.

Tudo suporta e espera…compreende, abençoa, ilumina.

Jamais deixamos de amar aqueles por quem nossas almas e nossos corações pulsam, mesmo que por hora não seja recíproco.

Se acabar é porque ainda não é Amor.

Silvia Gomes

 

 
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Publicado por em 19/11/2012 em Reflexão

 

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Tempo, questão de escolha!

 
Quanto tempo você dispensa a seu filho, em um dia?
 
Quanto tempo você dedica para uma leitura edificante, que lhe traga elevados objetivos e lhe retempere o ânimo?
 
Quanto tempo você dedica à oração?
 
Será você um daqueles que afirma não ter tempo para nada e leva a vida de roldão? Uma verdadeira roda viva, um turbilhão?
 
 
Tempo é uma questão de escolha. Equacionar as horas de forma a tudo resolver, sem desequilíbrio, esquecimentos e correrias, é questão de administração.
 
Existem criaturas que surpreendem pelo tanto que realizam nas mesmas vinte e quatro horas em que nada fazemos além de reclamar da falta de tempo.
 
Um consagrado escritor, James Michener, que morreu em outubro de 1997, era uma dessas pessoas que sabia exatamente como lidar com o tempo.
 
Foi professor, revisor de livros, alistou-se na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, teve histórias suas adaptadas para musicais na Broadway.
 
Certa vez, uma garotinha de oito anos, acompanhada de seu pai, o visitou em sua residência. Levou-lhe um livro que continha uma história que ela mesma escrevera.
 
O homem ocupado com tantas coisas dispôs de tempo para se sentar no sofá junto à pequena, abrir a primeira página e ler em voz alta: Focas, por Hana Grobel.
 
Enquanto prosseguia a leitura, o telefone tocou. Ele atendeu e ao interlocutor explicou: Estou lendo os originais de uma jovem escritora. Pediu licença e atendeu a ligação em outra sala.
 
Depois, tornou a sentar-se ao lado de Hana e prosseguiu a leitura.
Esse homem inacreditável fora uma criança rejeitada. Jamais soube quem foram seus pais.
 
Foi recolhido por uma viúva e por ela criado e amado. Jamais descobriu o local e a data do seu nascimento.
Passou toda sua vida ajudando discretamente a quem desejasse estudar, reconhecendo que sua instrução foi o que de mais precioso sua mãe adotiva lhe dera.
 
Dispunha de tempo para tudo e para todos. Até mesmo para uma criança que escrevera uma história minúscula em um pequeno livro.
 
A história é muito boa, foi seu comentário, porque no final todos ficam felizes.
Incentivar as gerações futuras era uma missão que considerava importante e a que se dedicava.
 
Atender a uma criança de oito anos que buscava estímulo, a um estudante de engenharia que lhe vinha agradecer a bolsa de estudos, atender a ligações de instituições de ensino que lhe solicitavam recursos, fazia parte do seu cotidiano.
 
Dez dias antes de sua morte, com os rins falhando, teve tempo para oferecer a uma jovem a oportunidade de estudar na Universidade do Texas, oferecendo-se para lhe custear a primeira anuidade escolar.
 
Mesmo lhe restando poucos dias, o seu tempo era para fazer o Bem.
 
Valorizemos o tempo, usando-o com propriedade. Não menosprezemos o tesouro dos minutos porque a eternidade é feita de segundos.
 
Utilizemos os valores do tempo e conquistemos méritos, não nos permitindo a sua desvalorização em atitude morna e inútil.
 
O tempo nos é dado pela Divindade para a realização da grande tarefa de transformação de nós mesmos, na jornada da perfeição.
 
 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado
na Revista Seleções Reader’s Digest de outubro/1998 e no verbete Tempo, do livro Repositório de
sabedoria, v.2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep.
Em 17.08.2009.
 
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Publicado por em 29/09/2012 em Reflexão

 

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